domingo, 4 de novembro de 2007

PPP 3º Período


UNEB
UNIVERSIDADE DO ESTADO DABAHIA
CAMPUS XVI
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS
DOCENTE: RENATA ADRIAN
DISCENTE: MARIELZA QUEIRÓZ BARRETO


A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM RELAÇÃO À ALFABETIZAÇÃO



UMA DISCUSSÃO EM TORNO DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO



Texto produzido com base em visitas à instituições de ensino e leitura de textos e livros, para avaliação da disciplina Pesquisa Prática Pedagógica do 3º semestre de pedagogia , sob orientação da prof.ª Renata Adrian.

JUSTIFICATIVA

Como ponto de partida para o estudo de pedagogia, buscamos estudar como acontece a alfabetização das crianças na escola.
Em contato com uma escola municipal tivemos acesso à proposta curricular da educação infantil e do ensino fundamental, onde está definido em linhas gerais o conteúdo a seu trabalho, a concepção de educação e os teóricos em que fundamentam este trabalho. Ao conhecer um pouco desta fundamentação teórica e da organização didática da escola descobri grande interesse, envolvimento com este assunto, pois meu filho está cursando a primeira série do ensino fundamental e posso constatar na prática, os conceitos e conhecimentos adquiridos na teoria.

PROBLEMÁTICA

Podemos dizer que a educação, hoje, é parte das transformações culturais, sociais e políticas que ocorrem na evolução da sociedade. Todos os caminhos e percalços do processo de alfabetização estão atrelados ao movimento da história. Paralelos a esse movimento surgiram os métodos de alfabetização. Estes foram criados em virtude da necessidade de facilitar as habilidades de aprender a ler e escrever. Cada método corresponde ás concepções dominantes na época do seu aparecimento e desenvolvimento, bem como às interpretações que respectivamente faziam do processo de aprendizagem.
A discussão dos métodos tem, pois, suas raízes nas disputas psicológicas do século e talvez, por isso, é tão apaixonada.[...[ pode-se dizer que nela se acha implicada uma questão que tende a definir os meios que se põem em jogo para a aquisição do conhecimento (BRASLAVSKY,1971,p 38)


Segundo CASASANTA (s. d.), a partir do século XVI, começaram a surgir reações contra a dificuldade da soletração, que resultaram na criação dos métodos fônico e silábico.
A criação do método fônico, com base no som das letras, não mais no nome, foi um grande avanço na pedagogia da leitura, por ter suprimido a soletração, economizando esforços da criança e do professor. Entretanto, o exagero na pronunciação dos sons das consoantes isoladamente, resultou na geração de outros sons às consoantes. Isso possibilitou a inclusão desses sons na leitura das palavras, conseqüentemente, sua compreensão. Esse exagero levou o método ao ridículo.Outra dificuldade desse método é a não - correspondência da língua escrita com os sons da língua oral que representam.
Procurando solucionar esses problemas, surgiu o método silábico, derivado do fônico, com base nas sílabas que se combinam para formar palavras. Todavia, é muito comum confundir o método silábico com o fônico. Afim de eliminar essa confusão, é necessário atentarmos para a principal característica da silábico _ iniciação pelas sílabas prontas, sem forçar a articulação das consoantes com vogais, como acontece na método fônico.
No método silábico, aprende-se o nome e a forma de uma consoante, após a aprendizagem das vogais.
Já o método global surgiu na história da pedagogia da leitura em 1655, com Comenius. Esse método apresenta a palavra associada à representação gráfica de seu significado, para que possa ser aprendida como um todo, sem a tortura da soletração, enfatizando a importância do interesse da compreensão para a aprendizagem da leitura.
Assim, Nicolas Adam apresenta, já no século XVIII, a idéia de ensinar a criança a ler do mesmo modo como aprende a falar. Insiste, ainda em permanecer o maior tempo possível na fase global até a manifestação analítica do trabalho mental pela criança, isto é, até que a própria criança adquira maturidade para iniciar, por si mesma, a fase analítica. A criação do método global, não se trata de um aperfeiçoamento dos métodos anteriores, mas de uma ruptura, pois, até então, o trabalho mental realizado pelo aprendiz era de natureza sintético - analítica, passando a ser de natureza oposta, analítico - sintética. Apesar disso, pode-se perceber uma ligação, uma continuidade na história, quando se analisa a base de cada método. Entretanto, foi o médico e professor Ovídio Decroly, o grande teórico e prático do método global. Contudo, o método global puro não foi posto em prática, exceto em casos excepcionais. Desta forma, a grande maioria dos manuais de leitura apresentavam um método "misto", baseado principalmente na silabação, visto que se encontrava, freqüentemente, neles ainda no primeiro dia de aula, a análise da palavra, seguida de exercícios de silabação. Apesar de poucas referências sobre o método misto, é necessário ressaltar ainda o grande desenvolvimento que obteve no século XX. Caracteriza-se por uma fase inicial, global, com uma passagem rápida e forçada à análise/síntese, cujo o princípio básico é o trabalho simultâneo. Entretanto, essa metodologia não chega a construir um novo método, pois um verdadeiro método silábico, apenas partindo de uma etapa global.
Finalmente, pode-se considerar que o segundo período da história da aprendizagem da leitura foi caracterizado pela criação de outros métodos de orientação sintética (fônico e silábico) e de orientação analítica (o global, em suas diversas modalidades). E oscilando entre a análise e a síntese, aparecem ainda os métodos mistos, motivados, provavelmente, pelo desejo de colocar um fim na questão dos métodos analíticos e sintéticos.
Deste modo, é conveniente dizer que foi este o período dos métodos por excelência, caracterizado pela disputa entre si, pois durante mais de um século, os defensores dos métodos analíticos mantiveram-se em conflito com os adeptos dos métodos sintéticos.
Segundo Emília Ferreiro, a forma tradicional que a escola vem “ensinando” a escrever, desconsidera todo o processo de construção da criança, que, para adquiri o código alfabético, reinventa a escrita, à sua maneira, já que é um processo de construção pessoal, e não uma simples cópia de um modelo externo.
A psicogênese realiza um processo de recontar a escrita, propondo que se desconsidere a concepção prévia que o adulto tem sobre a escrita, pois, se as hipóteses parecem ser óbvias e naturais para um adulto alfabetizado por um método apresentado das partes para o todo, o mesmo não ocorre com as crianças. Portanto, essa é a única forma para que o professor, possa compreender como ocorre o processo de construção da escrita pela criança e, conseqüentemente , supere as posturas tradicionais de ensino. É importante a mudança nessa concepção sobre a escrita para que se entenda que a alfabetização acontece em um trabalho conceitual.

PROBLEMA
Como docentes significam o uso da prática pedagógica relacionada à alfabetização em classes da 1ª série do ensino fundamental no município de Irecê-BA?
Segundo BEAUME (1985), com a ultrapassagem da questão do método, a concepção da pedagogia da leitura caracteriza-se, porque contesta a necessidade de iniciar a aprendizagem da leitura pelo deciframento, essa concepção fundamenta-se na leitura acabada do leitor, que não associa fonemas a grafemas para formar sílabas e essas para formar palavras que não são a unidade da leitura, mas sim, porções com palavras sem sentido.
Do mesmo modo, segundo o autor, deve-se ensinar a criança a ler, colocando-a em situação de leitura, deixando-a descobrir por si mesma o funcionamento da escrita, que, nesse caso, não será uma condição para ler, mas uma conseqüência da leitura. Quando ouve histórias lidas, a criança percebe que há uma correspondência entre a fala e a escrita. Dentro dessa nova concepção, a aprendizagem da leitura é contínua e permanente, pois se inicia muito cedo e prossegue por toda a vida.
Emília Ferreiro, em suas pesquisas, tinha o objetivo de compreender o desenvolvimento da leitura e da escrita do ponto de vista dos processos de apropriação de um objeto socialmente constituído.
O construir conhecimento, estaria alicerçado indiscutivelmente em possibilidades que o sujeito obteve para criar o seu conhecimento, perpassando pelos diversos patamares do próprio conhecimento trabalhado e atingindo o saber socialmente elaborado. Ela considera a criança, que aprende, como um sujeito ativo que interage de modo produtivo com a alfabetização.
No município de Irecê, as escolas baseiam-se na proposta curricular a partir dos marcos teóricos à pratica pedagógica que estão baseadas nas teorias sóciointeracionistas (Vigostky) e nas novas abordagens da psicologia cognitiva.
OBJETIVOS
Mostrar que é necessário o professor ter clareza dos objetivos que almeja, da influência da alfabetização para a formação do seu aluno e, principalmente, qual a importância do seu papel, enquanto educador, para a formação do ser humano integral, com capacidade e condições de se posicionar frente as injustiças sociais, a submissão política e a alienação da consciência.
A ação educativa deve ser pensada de forma evolutiva, buscando sempre a compreensão da totalidade, a compreensão do homem, nesta sociedade que evolui a cada momento.
PERSPECTIVA METODOLÓGICA
Com base nos apontamentos, propomos uma reflexão sobre o processo ensino e aprendizagem, considerando dois aspectos: primeiro, a necessidade e importância de ensinar a escrita e a leitura para a criança com uso e função social, isto é, a alfabetização nas perspectivas de oferecer uma educação que oportunize o crescimento da vida pessoal e profissional do aluno; o segundo aspecto tem relação com a metodologia empregada para oportunizar essa aprendizagem. Nesse sentido há de se pensar numa nova metodologia de ensino, uma nova forma de organização do trabalho didático na perspectiva dos avanços e transformações da sociedade, considerando o desenvolvimento do cidadão a curto, médio e longo prazo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASLVSKY, B. P de. Problemas e métodos no ensino da leitura. Tradução: Agostinho. Minicucci. São Paulo: Melhoramentos: Editora da USP, 1971. P.243.
CAGLIARI,L, M. Alfabetizando sem o BÁ-BÉ-BI-BÓ-BU.São Paulo: Scipione,1998.339p
FERREIRO, E. Psicogênese da língua escrita. Porto alegre: Artes Médicas Sul.1999.
FERREIRO, E. Alfabetização em Processo.Tradução: Sara Cunha, Marisa do Nascimento Paro. São Paulo: Cortez, 1198.
FERREIRO.E.:PALACIO,M.G.Os Processos de Leitura e Escrita; Novas Perspectivas.Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.276 p.
LEMLE, M. Guia Teórico do Alfabetizador. São Paulo: editora Àtica S.A.1994.

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